segunda-feira, 22 de junho de 2009

Falena

"Foi pra não morrer...
Que escrevi teu nome
no meu destino...
Arrastado por tua melancolia
segui teus passos...
Tendo somente tua sombra
como guia e companhia
Caminhei cego à beira do abismo...

E agora diante de ti...
apenas meu fantasma,

Uma imagem distorcida
do que outrora fui...
levando no semblante
A fria lembrança do teu adeus"


Gabriel Rocha
"Minha menina o que houve?
você nunca mais quis dançar
com medo de parecer óbvia?
de não estar perto Dele o suficiente
para não sentir o afago quente de sua Mão?
Minha garota o que houve?
você não canta mais no chuveiro
por medo de ser rídicula?
Onde você dormiu a noite passada
que não pude ouvir seu pranto na madrugada?
Minha princesa o que houve?
você se cansou de príncipes
e agora se apaixona por sapos?
minha espada, meu castelo e meu reino
te fazem sentir numa prisão?
Minha estrela o que houve?
porque já não ilumina meus passos
com o brilho intenso do seu ser?
será que você se enjoou do céu?
Minha mulher o que houve?
porque não respiras o ar amigo
de quem te ama?
que direito tinha a morte
de me tirar teu convívio?!
Minha Poesia o que houve?
nunca mais te ví rir ou sonhar
a sofreguidão calou teu canto?
ou a Velha Senhora levou também tua vida?

Minha vida o que há?!"



Gabriel Rocha
"Sobre a mesma face,
o mentecapto insólito
lança um sortilégio
a um som talássico
tácito seu pai chora
Sim! o leviatã a flanar
deus impene de algo fútil
que somente no pelagro
onde seu pranto afônico
veiga para os batráquios
fulcro do profano
que ao mestre ourives
o sucinto é ignóbil
Lânguidez Intepestiva do Caos!

Aos antigos foi prometido
purificar-se no incandescente fim
insidiosa veleidade Divina
para assim, nos outorgar o perdão!
Mas os cobardes não saberão;
Que no opúsculo do Genêsis
está a ironica contradição:
Que ao término do sétimo dia
casto jazerá o Homem
submerso na primeira essência
repousando seus puerís devaneios
o abstêmio consternado
pelo espúrio do seu pudor...

E no crepúsculo do último dia
o Imortal já terá sido esquecido
e seu perene segredo
absorto numa única palavra,

A Última Partícula de Poesia!"



Gabriel Rocha

O Poeta e a Poesia

"A poesia fere àquele que ama
e não é correspondido,
como faca de dois gumes
cravada no seio amador.

Como teu olhar de indiferença
sobre minha declaração pueril
que somente uma vez
incandesce no sublime.

O tempo; melhor amigo
apazigua mas não apaga,
a chama imortal da cobiça!

O desejo consome a alma
fazendo brotar do insano,
aquilo que o poeta clama de amor!"


Gabriel Rocha

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Praiana

"Eis-me agora vate diletante
Vertido feérico,sereno
como o fim de uma busca eterna
refutando o infausto
contemplo tua íris numa sedição cobarde
Umbral módico; opúsculo afônico,
Assombrado por tua deidade sílfide"

Gabriel Rocha
"Um menino que corre
e na tempestade não morre
na sua desventura bela e tênue
busca sua pueril fantasia
no oceano escuro da solidão
um menino que não conhece o mundo
que desconhece o impuro
a hipocresia consome a verdade
enquanto sua inocência é violada
Menino que não conhece o indulto
que não sabe descrever o mal
pois cresce em sua presença nefasta...
...Eu preciso saber a Verdade!"

Gabriel Rocha
"Mas tu? que rude contraste...
Tu, um de Seus favoritos
Anjo sobre o qual vela um nome santo
logo a mim dedicas atenção?
Eu que fui ao escuro do mundo
Refazer minh'alma
Violada pela mais vil existência
Perdoa-me por ter ido embora
Quis te preservar da minha Ira
É bela criatura preferi ver-te longe
Do que maculada pelo meu infortúnio
Saiba Anjo do meu intenso sofrer
Amo-te de tal maneira
que ter a pretensão de conceber sua grandeza
Negaria minha condição humana...
Nem todos precisam saber a Verdade!"




Gabriel Rocha
"Não desejo compreender os homens
Tão pouco entender seus atos...
Sigo despido da ambição de ser amado;
Posto que minha existência,
que desconhece o indulto,
É para mim um fardo inexorável
uma desdita insurpotável
Não lamento meu destino...
Não tenho a pretensão de salvar o mundo
Quero apenas desfazer o Grande Engano
Subverter a condição de Real...
Não sou um Libertador,
Sou um Violador..."
>

Gabriel Rocha

O Último Dia

"Eu sou, estou, emergindo
Ah, quanta mentira cabe no Ser
obsoleto olhar temporal, sensato
Quanta falta sinto de mim mesmo...
conjurando o verbo Ser
teremos a mais tenra hipocrisia
Ser, estar, parecer
Facetas da condição humana
máscara módica do existir
manopla de um deus corruptor
Ainda sou, estou, tedioso
E agora o deus do homem morreu
Seu conspirador sorrir entrecortado
porque também é criatura
e na cativa alma humana
descreve seu tormento
como um colóquio místico
Eu sou, estou, notívago
numa peleja dialética conheci a Morte
filha bastarda da Criação
negada por seus pares... consumida por seu rancor
desconhece o Ser Criador; resta-lhe apenas zombar
desta patética odisséia humana
paródia feita pelo tempo para distrair seu Pai
O Ser Cria...dor
e perpétua vaga minha alma furibunda
esperando silenciosa,
o último dos dias"






Gabriel Rocha

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A Adaga Sútil


"Mulher de coração de teia e mãos de grilhões,
Sobre quantos corpos jaz o teu pudor?
Desfaz este pueríl encanto
e sorri entrecortado pra eles,
espectros que outrora foram homens
Vagando no limbo das ilusões rarefeitas!
Quando o rancor cristalizar
Forjarei a Adaga Sútil,
para enfim amputar
A intensa saudade que pende da minh'alma
E uma náusea corpórea provinda deste infame Desejo
Concebeu este inútil estado de mágoa."

Gabriel Rocha